sábado, 23 de outubro de 2010

Faça valer a pena, seu merda.

Yep, to vivo.
Após um tempo sem saco, sem vontade e sem graça, resolvi voltar. Descobri que, sim, tenho alguns leitores. E vários deles vieram me perguntar o porquê de ter abandonado o blog. Na verdade, não abandonei; só guardei e não sabia onde estava.

E quando achei, não me veio vontade o suficiente pra escrever. Eis que hoje, vendo alguns perfis no orkut, me deparo com um que me chamou a atenção. Mais um, daqueles textos indignados, de uma pessoa que conheço de vista, de que vi moleca e hoje vi grande. E me deparei lendo e concordando com o texto daquela 'moleca'. Já cansei de me indignar, ainda mais de ler textos e ver videos de indignações. Não por nada, mas já passei por tanta coisa na vida, mesmo tão novo, que me vejo ficando careca antes de meu irmão mais velho. Genética? Nada. Indignação. Cansei, não sei; enfiei na cabeça de que viveria melhor assim. Não me conformando, mas parando de reclamar do que não posso mudar. Simplesmente deixando de lado, como se não existisse - e admitindo o fato de ser roubado semanalmente pelo governo. Coisa de velho? Parece; e acho que é.

Nunca fui de aceitar rotina e opinião besta. Ainda não aceito; só parei de reclamar. Quando era moleque, época de escola, me deparava com uma situação não tão normal: sempre fui o politicamente incorreto. Fazia trabalhos e falava por horas - e incrivelmente, me ouviam com atenção. Era aplaudido de pé ao atuar, falar ou seja lá o que fosse em público. Fiz debates sozinho de um lado, com 20, 30 pessoas com opinião contrária. Tinha o dom pra coisa; gostava e nasci praquilo. Falar, persuadir com extrema facilidade e me fazer ouvir. Falavam à época que eu seria politico ou advogado... mas que nada, sempre fui honesto. Eis que fiquei adulto, e o troço continuou. Abri empresa cedo, me deparei com clientes, gente grande e estudada, a faculdade, e sempre com essa coisa, de querer e gostar de expor as idéias de uma forma que era, pelo menos, ouvível.

E onde foi parar? Não sei. Meio que me perdi disso, e isso se perdeu de mim. Sei que se tiver que improvisar uma fala na frente de 10mil pessoas, o farei com facilidade. Mas aquele amor, a vontade e paixão pela coisa, sumiu. Sumiu com a porra da indignação, e talvez este seja o motivo pra eu ter me perdido do blog. A mente ainda é inquieta, mas a alma meio que ficou quieta de repente. Cansei das coisas simples e sem sal; antes as odiava, e falava desenfreadamente com ódio e um certo amargo na boca de como eram ruins pra isso, ou fudiam a sociedade com aquilo. Hoje as deixo passar. Ainda tenho meu 'quê' de revolta; mas prefiro meu 'quê' de bon vivant. Enquanto o da revolta manda pra puta que pariu, o bon vivant sussura pra si mesmo: "quero mais é que se foda".

A grande verdade por trás disso tudo é: quero fazer valer a pena. Sempre tentei parecer normal quando não era. Forçava a barra, e fingia que valia a pena. Não valia. Me indignei com coisas bestas, e perdi o pouco do cabelo que tenho com isso. Tive uma separação, de um relacionamento sério que durou seus 5 anos. Na época, me desesperei, surtei, me indignei. Hoje em dia, vejo que o fato foi a melhor coisa que me aconteceu na vida, pois uma pessoa que não valia a pena me mandou pra puta que pariu, e vi algum tempo depois que aquilo não era um relacionamento. Era um teatro onde tentei viver o que eu não era, fazer o que não fazia. Não valia a pena. Eu era um bosta, rodeado por bostas, vivendo uma bosta de uma vida.

Chega uma hora na vida do cara que ele deve viver o que compensa. Fazer uma lista do que quer, encher de opcionais caros e pensar que o dia pode acabar mais cedo pra alguns. Ao acordar, fazer o check-list, e viver. Simples assim. Não que eu tenha virado um tapado ou um velho ranzinza. Não! Só fiz a lista, e tirei dela o Seguro, Garantia Estendida e afins.
Naquela hora que o corpo dói de tanta raiva, e tu lembra "FILHA DA PUTA, eu tenho gastrite nervosa", é a hora a se pensar. Digo que é essa a hora, pois é melhor do que ter que pensar nisso prestes a infartar. E foi numa dessas horas que decidi: "Seu merda, faz valer a pena". Não quero, não vou e não posso repetir erros do passado, pois agora tenho mais em jogo: minha felicidade, meu presente, minha familia, meu esporte. Agora, a familia vale a pena (e é constituida por um total de 2 pessoas loucas e 2 bichos que parecem pessoas loucas), a felicidade não é teatro e vivo o presente sendo o que sou, sem precisar me esforçar pra tentar parecer dalai lama.

Meio que está na hora de viver; usar minhas energias pro que gosto, pro que sou e pra minha familia. E deixar essa sede por colocar as cartas na mesa na mão desse povo jovem o suficiente pra não precisar se preocupar em apenas viver. Deixar pra moleca do texto, que hoje de moleca não tem mais nada. Fiquem indignados diariamente, vocês não estão errados, até estão certos; mas por favor: façam essa porra valer a pena.

[]'s