quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Os fins, finalmente, justificam os meios

"O blog não tem forma, nem pé, nem cabeça, nem base", pensava eu, antes de voltar a postar algo inútil e útil, dependendo apenas do seu dia. Então dependendo do seu dia, não leia. A forma que o blog vai tomar é a seguinte: grande, enorme, hardcore, ogra. O negócio aqui é treino bruto, treino de macho, treino de ogro; afinal, a merda não é pra pônei, é pra cavalo.

Chegou o final do ano, e nunca estive tão bem, calmo, com 1 dia de folga; e tão depressivo ao mesmo tempo: a porra da academia está de férias durante apenas 3 semanas. E eu pagando a mensalidade integral, 'visse'? Mas lá, no clube em que a academia está inserida, os donos do mundo estão acima de todo e qualquer poder, de qualquer reclamação que possa vir de um de nós, meros mortais não participantes da sua máfia-elitizada-são-bentina. É, eu não sei ponderar; e eles não sabem viver.

O motivo da depressão é que deveria eu começar um cutting. O tal cutting, pra quem não sabe, é quando cortamos alimentação fazendo uma dieta hiperprotéica e hipocalórica, e treinamos na academia de modo a queimar a gordura corporal sem perder massa muscular, ficando assim com o corpo definido e teoricamente grande... Por que? Praia, caralho! Vou gordo pra praia... pois como a academia fechou eu deveria estar correndo, mas São Bento do Sul, entre seus muitos lados ruins, tem a chuva nas horas erradas. E quando saio de São Bento, ao voltar me contam que o dia estava lindo; ou é meu problema com a cidade, ou dela comigo. Eu voto nos dois. Enfim, não consegui ir correr... e final do ano, sabem como é: almoço aqui, janta ali... e fica dificil perder o peso extra. Comecei o cutting com 86kg.. deveria ir para uns 83kg para ficar "trincado" para o verão. Em qual peso estou? 87kg... E pra quem não vê a dificuldade disso tudo, nem a depressão na qual me encontro, aqui vai: antes de começar o cutting, no chamado OFF (semanas ou meses nos quais comemos praticamente de tudo, em altissima quantidade, aumentando o peso rapidamente, e também as medidas) começo o dia, no meu café da manhã, comendo uma tijela de açaí, granola, banana, açúcar e afins que tem quase tantas calorias quanto uma pessoa "normal" consome durante UM DIA INTEIRO. Todo dia igual; frango suficiente pra alimentar uma familia, copos e mais copos de whey, ovos antes de dormir, montanhas de massa, batata, meio cacho de banana... E o dinheiro investido em suplementos? Tem mês que vai um minimo nisso... (salário minimo, meu caro). E ainda tem que treinar hein... se machucar, suar, sangrar, encher o corpo de estrias, passar mal, ter ânsia de vômito, berrar de dor. O melhor é quando chega o domingo; você vê alguns amigos, ou mesmo com sua namorada... ela abre aquela Smirnoff Ice geladinha, e você, oras está no domingo... que é dia de... DESCANSO! E ZERO ÁLCOOL. Álcool? Só do Listerine meu caro suposto leitor... E cuidar bastante pra não engolir essa porra, digo, o fluor... É, isso aí.. 1 ano sem uma gotinha de álcool. Então, depois de tudo isso, vem um FILHO DUMA ÉGUA que pelo jeito nunca teve amigo na vida, e te diz: "pra que tu faz isso? que bobeira, não leva a nada." A raiva é indescritível, e esse comentário acho que basta para você entender o que sinto numa hora dessas. Na cabeça passa o filme, também digno de filme: sangue, socos, eu correndo atrás do infeliz com uma chave de roda... mas não rola. O negócio em São Bento é ser julgado sem pudor. Aí o desgraçado que diz que o seu treino, que sua DEDICAÇÃO, é uma idiotice, uma infantilidade, um gasto de dinheiro... esse mesmo infeliz pega a bosta do carro dele, vai pro bar, ENCHE O CÚ de cerveja, mexe com a mulherada casada, faz racha, gasta 500 conto na zona, cheira coca, mata um e aí, quando se mata, a cidade inteira fica de luto pois era um BOM RAPAZ. Bom rapaz é o caralho; é bom quando um filho da puta desse morre. Ou quando não se mata, ninguém julga, pois oras, não é nada de mais: todo mundo bebe e dirige. Feio é tomar suplemento.

Aqui, dedicação é mais conhecida como loucura, ogrisse ou perda de tempo. Enquanto a filha dum desgraçado desses tá bêbada, com ecstasy na cabeça, dando pra 3 desconhecidos sem camisinha, o cara tem a infelicidade de julgar os outros. Não, caro suposto leitor, não é um desabafo: é a explanação da merda da realidade e, imagino que dê pra notar, com um pouquinho de decepção. Mas o que importa não é chegar no objetivo, é passar ele. E pra isso, digo e repito, não importam os meios, nem os obstáculos que se enfiarem no caminho.

Para nós, o resto é que se mate. Eu me supero a cada dia, meu parceiro de treino também. Queremos quebrar barreiras, botar pra fuder com essa gentinha. Eu quero mais é que digam: "esse cara tá horrível, muito grande, nem parece gente". Não cheguei nesse ponto, mas o objetivo é esse. Aliás, o comentário é sempre do gênero: "você tá ficando feio. chega de "malhar", tá bom assim já". Ou o pior: "você tá ficando careca". Já "parabéns" é dificil ouvir. Mas quando ouço, é sempre de alguém que merece os parabéns mais do que eu; é sempre de um guerreiro, um dos meus; um dos que ri do rebanho por serem todos iguais, e assim como eu, quer sempre mais: não por ganância, mas por querer ser sempre melhor, não importando como chegar lá. Os fins sempre justificarão os meios.
Não abusei dos meios, fiquei "na minha"; sinto que poderia ter abusado muito mais, e o terei que fazer em 2010; e mesmo assim, te conto: não bati minha meta em 2009... eu ARREGACEI a filha da puta. Os fins, os benditos fins, foram mais que satisfatórios; a merda toda aconteceu e ano que vem vai acontecer em dobro. Quero o dobro dos comentários, quero que julguem, briguem, atazanem, esperneiem; eu quero ser um e não vários. A cidade condena as atitudes e padrões diferentes do usual deles e, na boa? Apesar de retrucar, no fundo no fundo, eu gosto; me dá ainda mais gosto de querer mais e mais, e calar a boca de muito filhinho de papai e velho folgado.

Não importa; de toda forma que tento ver, de todo ângulo que tento exergar, chego a conclusão de que realmente, cidade não apoia, e prefere se preocupar com a vida dos outros, falar dos outros, ser hipócrita e viver num mundo de fantasias e salto alto, onde o diferente é ridiculo; pelo menos os realmente simpáticos se manifestam: mesmo não comemorando o natal, recebi muitos 'Feliz Natal' hoje. Tudo bem; era de um grupo de bêbados berrando a torto e direita na rua em frente ao local que moro, mas com certeza foi de coração. Os fins justificam os meios; os meus meios, e os meus fins; isso é utilizado pela sociedade com a maior tranquilidade, sempre maquiando a verdade e com a base de sempre: hipocrisia. Só vale para eles, o resto que SE FODA; é julgado da maneira que melhor lhes convêm. É o que sobrou dessa cidade, ruínas e hipocrisia... e se por aqui só restam ruínas, pelo menos restam os que não se preocupam em gritar sem pudor que vivem nelas, da forma que querem. E eu sou um desses.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Coração dividido

Hoje parei pra pensar como não fazia faz tempo; idéias que me fizeram crescer (ou achar que cresci) vieram em forma de enxurrada, sem parar, sem pedir pra pensar. É o típico 'de louco todo mundo tem um pouco'. Eu, às vezes, tenho muito.
Amor e ódio. Assim se divide meu coração. Nunca o dividi entre pessoas, nunca o dividi por amores, nem por amizades. Talvez por carros; é, por eles com toda certeza, mas só eles e uma ou outra bebida alcóolica, pra ser bem justo. Mas sempre o dividi entre amor e ódio. Não por que quis, mas porque nasci assim. Vivo pelo amor, e vivo pelo ódio. E você, caro suposto leitor, também. Pode não admitir, mas também vive pelo amor e ódio. Mas falar de amor é lindo, de ódio não. E por isso não se admite o verdadeiro sentimento. Hoje mesmo tive o exemplo disso: um maldito - que muito me deixou mal alguns anos atrás, novamente cruzou meu caminho; mas dessa vez foi minha vez de fazer cair os poucos cabelos que lhe restam - me disse ao telefone: "não fale mal dos outros"; já havia me dito para não ter raiva de outras pessoas também. Pois que os dias correm e são todos diferentes dos anteriores, hoje tive a excelente oportunidade de importunar o desgraçado, que se roeu de raiva e me desferiu palavras péssimas atrás de palavras ruins, enquanto recebia de mim apenas uma risada debochada, e um 'te fode' "estampado" na minha rouca voz gripada. Bem ele, que havia me dito para não ter raiva dos outros, demonstrou seu ódio por mim, apenas porque lesei ele propositalmente, como forma de manifesto pela sua arrogância e falta de caráter. Está ai, o ódio, de quem diz que não se deve tê-lo. Que coisa não? Hipocrisia? Sim. Afinal, falar é fácil...
Minha educação foi excelente, tanto em casa quanto na escola; me orgulho disso, de verdade. Sempre fui instruido a não ter raiva das pessoas e saber perdoá-las. Mas ai veio o erro: talvez tenham me educado tão bem que aprendi a pensar e me expressar de uma forma própria - mesmo que baseada na pouca sabedoria que tenho - vá lá - mas própria. Mas acho mais provável que eu tenha tal característica impregnada na personalidade desde que nasci... mas isso nós "conversamos" numa próxima. A questão é que ninguém aprende a ter amor. Mas somos instruídos a não termos ódio. E CACETE, POR QUE? É feio?! Por isso? Mas é feio ser hipócrita... Genuinamente, temos amor e ódio. Já socialmente, só devemos ter e demonstrar amor. E depois eu que preciso de psiquiatra. Aliás, estou desde janeiro sem uma gota de álcool e principalmente sem remédios pra controlar meu temperamento, minhas ações, minhas loucuras...e isso que sou considerado louco, hein?! E você, pessoa normal que vive de amor e paz, exorcizando o ódio de sua família, está faz quanto tempo sem afogar ou esconder as mágoas? Faz quanto tempo que não procura uma desculpa para o óbvio: de que você é infeliz. Eu, louco? Pode até ser. Mas genuíno, cercado de falsos ingênuos.
Vamos lá, suposto caro leitor, livre sua cabeça, fume o que precisar fumar, beba o que precisar beber, mas deixe sua cabeça livre e pense comigo: amor e ódio são assim tão diferentes? Amor é certo, ódio é errado? Simples assim? Quem ensinou isso? A Bíblia Cristã, com seus personagens cobertos por picuinhas, ódiozinhos e preconceitos? Pense, pense, pense... O trabalho antes amado nunca passou a ser odiado? A pessoa amada, depois de te largar, nunca passou a ser odiada? E aquele vizinho filho duma puta com som alto às 4h da manhã de uma segunda-feira; você morre de amores por ele? E aquele chato do trabalho, cheio de piadinhas sem graça, tão pauzudo que come a própria orelha (5 seguidas), aquele que você não gostava, e com o tempo se tornou o seu melhor amigo... você tinha ódio dele e depois amor. Amor e ódio, tão, mas tão diferentes, que tenho certeza, são iguais. Um não vive sem o outro: por isso os dois existem e você não pode negá-los. Curta-os, ambos; garanto que vale a pena.

Não deixe o amor se tornar egoísta, pois aí ele deixa de ser amor. (V.G.M)